Ogum abre os caminhos em um novo ciclo com a presença do feminino sagrado de todas as Iyabás.
É Ogum o orixá regente do ano que se inicia, construindo uma estrada renovada, sobre outras bases, com ferramentas, recursos e tecnologias, os quais estão sob o seu domínio, para sustentar mudanças benéficas em muitos níveis.
Ogum pode ser chamado de “Osin Imolé”, que significa o primeiro orixá a vir para a Terra. Ele abriu e apontou os caminhos a seguir para todos os demais orixás, os liderando na descida do Orun (plano espiritual ou Céu) ao Àiyé (plano terreno ou Terra). Esse sentido da liderança de Ogum será fortemente presente em 2023.
É preciso ter a estratégia, firmeza e tenacidade de Ogum para as lutas necessárias para promover as mudanças. Entretanto, as lutas que se travam ao longo do caminho que se abre com o facão de Ogum, que localiza os melhores atalhos para a humanidade iniciar um novo tempo, são mais suaves, construtivas e integradoras, carregadas com os atributos femininos, como a sensibilidade, a escuta, a empatia, o acolhimento, a colaboração. Isso se deve à forte influência das Iyabás que acompanham Ogum na abertura desses caminhos. Trata-se de uma luta impregnada da liderança feminina, o que inspira um novo modo de ser e estar no mundo, mais inclusivo, amoroso, colaborativo, generoso e agregador.
É com essa inspiração e essa força femininas, sob a influência das Iyabás, que deveremos percorrer os caminhos abertos por Ogum. Amor, escuta, colaboração, cuidado, diálogo e gentileza são as ferramentas que deveremos carregar em lutas que não deverão ser de uns contra os outros, mas sim lutas com outros, unindo, fortalecendo, apoiando, valorizando os vínculos e os afetos, celebrando as diferenças. Lutas para construir, agregar, fortalecer, propiciar mudanças, envolvendo as pessoas em propósitos mais elevados e coletivos.
Os elementos se unem para compor, em harmonia, esse novo ciclo para a humanidade. Ogum é o orixá que domina o fogo para forjar o ferro e os metais em geral, construindo ferramentas e utensílios que garantirão a sobrevivência. Ele também representa o elemento terra. Entre as Iyabás há todos os elementos, como o fogo e o ar das brisas e dos ventos de Iansã, e as águas de todas as demais, Oxum, Iemanjá, Ewá, Nanã e Obá, além da própria Iansã. Águas que cobrem todo o planeta, concedem e sustentam a vida, que estão nos rios, oceanos, nas chuvas e tempestades, no corpo humano e de todos os demais seres que habitam o planeta.
As águas das Iyabás esfriam e nutrem os caminhos abertos por Ogum, tornando tudo mais leve, fluido, agradável e flexível. São essas águas abundantes, ao lado dos demais elementos que garantem a vida na Terra, que buscam restaurar a harmonia e o equilíbrio na travessia da humanidade, nas relações interpessoais e também no modo de se posicionar como ser da Natureza, que vem sendo tão agredida.
A travessia de transformações nesse novo ciclo traz o arco-íris de Oxumarê como um importante símbolo. O arco-íris que se forma quando a energia do fogo e da luz solar entra em contato com as partículas de água, representando também a caminhada de Ogum com todas as Iyabás em suas 7 cores e tantas nuances.
O número 7, também relacionado a Ogum, vincula-se ao Odu Odi, o qual se manifesta em seus aspectos mais positivos e benéficos devido à influência e aos cuidados das Iyabás, que apoiam Ogum e toda a humanidade no início de uma nova fase na Terra.
Assim, o número 7 traz uma forte simbologia em 2023, representando o sagrado, a espiritualidade, a totalidade e a consciência. É o número da conclusão cíclica, após um período marcado por tantas perdas e dificuldades no planeta e para a humanidade. É o número da renovação, representando também a perfeição e a integridade do mundo no que diz respeito a toda a sua diversidade. É o número representativo da harmonia, resultante do equilíbrio, estabelecido por elementos não semelhantes. Matemáticos antigos se encantaram com o poder e o mistério do número 7 após perceberem que a soma de números opostos sempre resulta em 7.
Esse equilíbrio de opostos e a harmonia precisam ser restaurados a partir de 2023, seja individualmente, entre as pessoas, entre os povos, com o planeta, com a Natureza. É preciso aprender e colocar em prática uma outra forma de lutar e de percorrer os novos caminhos para propiciar as mudanças. Por isso, as Iyabás acompanham Ogum, harmonizando e suavizando caminhos, unindo e impregnando as lutas de propósitos elevados, despertando o amor e os bons sentimentos, em um ciclo de transformações e renovação profundas, em sintonia com os princípios de Oxumarê. Dessa forma, será possível potencializar as vitórias previstas e tão favoráveis em um ano regido por Ogum. Que possamos forjar uma nova vida e um ciclo realmente renovado! Ogunhê! Patakori!
Por Mãe Márcia d’Oxum (30/12/2022)
Mãe Márcia, axé ! Sua benção.